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sábado, 13 de setembro de 2014

RACISMO NÃO TEM PERDÃO....

            Imagem circulando em rede social.

        

          Nos últimos meses pude perceber que a discussão em torno do tema racismo tomou proporções maiores, felizmente. Algumas atitudes racistas não tão veladas tem feito a sociedade refletir, questionar e afirmar posições preconceituosas e discriminatórias. Falo tudo isso, pois quero chamar atenção, especialmente, para o caso do jogador Aranha, que foi vítima de racismo por parte de alguns torcedores do Grêmio. Entre os racistas estavam a torcedora Patrícia Moreira, pelo menos dois negros e outros tantos torcedores brancos. 
          Primeiro quero dizer que algumas pessoas tentam legitimar o racismo dizendo que o próprio negro é racista com ele mesmo. Na contramão disso, eu digo que ser racista é uma condição social, pois a sociedade brasileira foi construída em cima de bases racistas, onde os brancos exploraram e exploram os negros. Então desde pequenos, negros e brancos, aprendem e reproduzem os comportamentos racistas, um como algoz, outro como vítima e às vezes algoz de si mesmo. Obviamente que para o branco manter arraigado o racismo é muito mais conveniente, pois nesse sistema as vantagens são somente para ele, portanto dizemos que o negro se aliena e assimila esses comportamentos racistas. No entanto é muito cruel justificar o racismo, em muitos momentos, porque um negro vive em sociedade e aprende a ser um indivíduo social como qualquer outro, logo reproduz o discurso racista também. Ou também justificar a escravidão porque em alguns países da África ela já existia. Quando defendemos esses discursos estamos nada mais que culpando a vítima. 
          Interessante pensar nisso com base nas palavras do ex-jogador Pelé ao dizer que o goleiro Aranha estava equivocado, que deveria deixar para lá. Este é um exemplo de alguém que se alienou socialmente, pois na cabeça dele é mais fácil deixar para lá do que colocar ordem na casa. E, de fato, é mais fácil mesmo. Você tendo a possibilidade de esquecer em vez de lutar, qual você prefere? Esquecer! Mas isso é para gente covarde, coisa que Aranha demonstrou não ser. Pelé, socialmente, nunca foi exemplo de nada para ninguém. Admiramos ele no futebol e pronto. Nada mais. Mas a função do futebol não é melhorar a desigualdade que o racismo causa, então sua posição como jogador ou ex-jogador não importa para nós, pois o que queremos é erradicar o racismo. E Pelé mais uma vez perdeu a oportunidade de ficar calado
            Além dos negros e dos brancos nos estádio dizendo a palavra macaco para o  Aranha havia também Patrícia Moreira, personagem de grande destaque nessa história que de ficcional não tem nada, pois o racismo só não existe para quem não encontrou mecanismos de enxergá-lo. Um dos motivos que Patrícia virou destaque pode ter sido porque perdeu o emprego, pois seu local de trabalho não permitia pessoas racistas, e isso eu achei muito válido. É um grande avanço já existir empresas e órgãos que não estão mais dispostos a alocar empregados com comportamentos inaceitáveis socialmente. Além disso de perder o trabalho a torcedora teve sua cara estampada em praticamente todas as mídias, dividindo opiniões, onde uns diziam que era exagero o que ela estava passando em contrapartida ao que outros diziam que era a lei contra o racismo sendo posta em vigor, finalmente. Eu concordo com esses últimos. Só discordo mesmo de atearem fogo e tacarem pedras na casa da família da moça. Pois não se resolve uma violência tão horrorosa como o racismo com outras formas de violências. É claro que ela também não precisa virar heroína por esses ataques irracionais de uma parcela de gente criminosa e sem noção. Essas pessoas não representam a luta em prol da igualdade racial. E esses ataques não lhe diminui a culpa.
            Mas logo que viu sua vida desmoronar diante do ato cometido, a acusada correu para a TV sem maquiagem, com a cara abatida e pediu perdão pelo o que fez. Sendo que nos jogos você percebe uma mulher bem penteada e minimamente maquiada. Comoveu uns, mas muitos outros não. No entanto Aranha deveria perdoar? Isso só cabe a ele decidir, mas à justiça brasileira não. Pois para o racismo não há perdão, há cumprimento de pena e isso, de verdade, espero que ela possa cumprir de acordo com as leis em vigor. E que, com isso, sirva de exemplo para outros seres irracionais, criminosos, maldosos refletirem que machucar alguém não torna o mundo melhor em nada.
            



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