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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Hoje eu senti inveja de Paris....


Está ocorrendo essa semana o Festival Varilux de Cinema Francês. Passei meus últimos três anos meio apática com relação a cultura francesa, na verdade tenho desmistificado aquela ideia que tinha na minha adolescência sobre os clássicos literários franceses, não que eles não sejam bons, são maravilhosos, mas de certo modo foi minha referência literária por muitos anos, sendo que eu podia ter tido muitas outras. Vi hoje o filme Uma dama em Paris de Ilmar Raag. O gênero é dramático, mas é permeado por um estilo jocoso que nos entretém e nos arranca gargalhadas em vários momentos. 
O enredo conta a história de Anne que vive na Estônia e está em um momento doloroso por conta da perda  da mãe, mas algo inesperado acontece, ela recebe uma proposta de trabalho: ir viver em Paris e cuidar de uma senhora idosa que possui a mesma origem que a sua. No entanto as coisas não funcionam de forma simples, pois Frida, a senhora que necessita cuidados, é uma mulher que vive só e cheia de amargor, por isso tenta de todas as formas dispensar Anne, a qual não foi contratada por ela, mas pelo seu ex-amante. A história é singela, todavia me chamou atenção os passeios tranquilos que Anne faz na noite parisiense, coisa impensada para a noite soteropolitana. Isso me fez refletir bastante por ser uma pessoa extremamente noturna, por ter desejos desmedidos em andar pela noite afora sem me preocupar com violência e violação. Sonho um dia poder sair pela cidade olhando vitrines e monumentos que são modificados pela noite, pela quase ausência de barulho e de pessoas, situação que eu vi o tempo todo no filme, apesar de não acreditar que Paris seja a descrição de Dumas, Verne e Hugo que tanto li na minha adolescência e revivi hoje em Uma dama em Paris. 
Ao sair do Cinema do Museu, no Corredor da Vitória, foi acometida por uma realidade de flanelinhas sedentos e ávidos meninos de rua que me entristeceu e me atormentou  Nos ensinaram a vida toda que o estilo de vida parisiense deveria ser seguido e admirado, mas não nos ensinaram a reconhecer nossa cultura e mudá-la de acordo com nossas necessidades e desejos desmedidos, fomos ensinados somente a aceitá-los.
Essa sensação de não poder andar livremente pela rua me fez refletir também sobre questões de gênero, não que só as mulheres sejam as únicas vítimas de violência, os homens também são, mas nós mulheres estamos sujeitas às situações que os homens normalmente não estão, e isso me atemoriza desmedidamente. 
Depois de caminhar assustada pela rua deserta por 10 minutos, comecei a pensar na maldade que um homem pode me causar. Cheguei ao ponto de ônibus e encontrei um ex-colega de trabalho que não o via fazia algum tempo, nunca fomos próximos, afinal fiquei na empresa menos de um mês, mas sempre que o encontro sou educada. Assim que me viu veio falar comigo efusivamente, coisa que nunca aconteceu antes, aquilo me assustou, logo percebi pelo cheiro e pela forma como me olhava e falava comigo que estava meio embriagado, fiquei constrangida, não que ele tenha me destratado ou falado algo obsceno, mas o jeito como me olhava e pegava no meu braço me deixou extremamente incomodada. Odeio que me peguem, me toquem, sem que haja correspondência ou intimidade.  Sei que o fato de eu ser mulher e ele ser homem o fez presumir que eu estava disponível, mas não estava, me nego a estar para esse tipo de homem!

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