Isso me interessa!

domingo, 14 de abril de 2013

A cútis é minha, mas quem a define não sou eu.....

                                                                      (Foto 3X4)

Essa semana fui tirar a segunda via da minha carteira de identidade e não há nada no mundo que nos identifique mais do que esse precioso documento. Basicamente todo mundo que eu conheço tem traumas da foto 3X4, ela parece nunca estar de acordo com o que somos ou sonhamos ser, mas é ela que todo mundo enxerga quando quer nos identificar quando precisamos entrar em algum lugar. 
Cheguei ao SAC do Salvador Shopping às 13:20 como havia agendado, lógico que antes passei no toalete para fazer um make, porque agora eles tem um sistema que tira a foto na hora, e queria sair na foto minimamente apresentável, pois chega de traumas, mas não foi o que sucedeu...me dirigi à atendente, e esta que estava mal humorada, não me deu atenção. Pediu os documentos, preencheu os dados, conferiu tudo, tirou a foto, foram pelo menos três tentativas, afinal eu usei e abusei da câmera deles, queria de verdade uma cara legal. Depois de todo esse procedimento ela pediu-me, agora mais gentil, que conferisse meus dados para que pudesse ser feita alguma correção:

-confere aí para ver se tá tudo certo!
Eu li tudo, meu nome, nome dos meus pais, endereço, escolaridade e até que me deparei com a palavra cútis, e a minha cútis estava identificada como parda, parei de ler...não enxergava mais nada e a questionei:
-Por que aqui diz que sou parda?
-Porque você é parda, você não é branca.
-Não, disso eu sei, branca eu não sou mesmo. Mas por que parda? Qual o critério que vocês usam?
-Minha senhora, aqui só tem parda e branca, branca a senhora não é, logo a senhora é parda.
-Mas quem o SAC pensa que é para dizer que sou parda ou branca?
-Minha senhora, para mim a senhora é parda.
-Não me importa se a senhora ou quem quer que seja diga que sou parda ou qualquer outra coisa, quem define isso sou eu, não?
-Não. Assina aí. Se quiser saber mais converse com a coordenadora. Aqui só tem cútis parda e branca. Foi feita uma comissão aí e decidiram tirar amarelo e preto, e agora só tem isso.
-Estamos em Salvador, onde a maioria populacional tem a cútis preta, se chegar uma pessoa aqui quase da cor desse seu mouse preto aí a senhora também vai colocar que a pessoa é parda?
-Eu não sei te dizer mais, se você quiser pode conversar com a coordenadora. Está tudo ok?
-Eu não sei, até o parda estava, depois disso não consegui ler e perceber mais nada...

Vem a coordenadora, muito simpática, e me chama para conversar em outro lugar. Eu questiono a ela o porquê de ter a identificação só para a cútis parda e branca, e ela me explica que na verdade ainda existe as referências para branca, preta, parda e amarela, que só foram tirados o pardo claro e pardo escuro, que inclusive agora ela entraria como branca e não mais como parda clara. O fato é que ela me contou a história da sua vida, filha de pai negro, o que lhe dava grande orgulho e precisou conter o choro por pelo menos umas duas vezes. Explicou-me que quando vivia no RJ não enxergava esse racismo todo, que só foi vê-lo aqui em Salvador. Eu expliquei para ela que isso podia ocorrer com mais frequência por uma questão de exposição, que nossa cidade era composta por maioria negra, logo a discussão e percepção do racismo era mais evidente, ao que ela me disse que não via porque discutir, que eu era jovem e bonita, não precisava ficar preocupada com isso, ao que eu disse:
-Um dia eu quero ter filhos, e se eles forem negros, aliás tiver a cútis preta, eu não vou querer que eles passem por cinco por cento do que tenho passado nesses 25 anos de vida.
Acho que ela ficou preocupada, sentida, sofrida...
Sinto que há uma pressão política de higienização racial insistente e incessante, ainda que silenciosa, ela existe. Querem transformar nossa cidade em um lugar de mestiços e documentar isso, pois contra estatísticas não há argumentos. Se um órgão federal atesta que a maioria da nossa população é parda, não pode existir racismo. Essa sempre foi a manobra utilizada pelas classes dominantes para disfarçar um fato, e através disso negar que ele existe, logo não precisa de política pública para algo que não existe.
Foi o que eu entendi! Ah e eu sou parda, segundo a moça do SAC.

A Caça de quem somos.....


O filme A Caça, dirigido por Thomas Vinterberg, é ambientado numa cidade pequena, onde todos se conhecem, e tem como personagem principal Lucas (Mads Mikkelsen), um professor que trabalha numa creche e tenta reconstruir sua vida após se separar da mulher e perder a guarda do filho. O ápice do filme inicia-se quando Klara (Annika Wedderkropp) com cinco anos de idade, que é uma de suas alunas e filha de seu melhor amigo, começa a se sentir desajustada em meio à relação de seus pais, que são duas pessoas desatentas, e por receber atenção de Lucas ao levá-la um dia para casa quando ela se perde e em outro momento quando seus pais brigam, e ele a leva para a escola, ela começa a ter um sentimento incomum pelo seu professor, em um momento em que ele brinca com seus alunos e se finge de morto, ao abrir os olhos é beijado por Klara. Por repreendê-la ainda que de forma cuidadosa, ela experimenta um sentimento de rejeição. Logo depois dessa situação, Klara conta à diretora da escolinha que Lucas mostrou seu órgão genital para ela, dando a entender que ele tenha cometido abuso sexual. A diretora o afasta de suas atividades, comunica o ocorrido aos pais e toda comunidade escolar, e em pouco tempo essa notícia se espalha pela pequena cidade, tendo como consequência uma perseguição sem precedentes contra Lucas, até que isso é levado à delegacia e ele começa a responder criminalmente pelo abuso não só contra Klara, mas contra outras crianças. 
A atuação de Lucas é introspectiva, sofrida, sentida e muitas vezes silenciosa. Um dos momentos mais dolorosos do filme é quando Markus, seu filho, foge da casa da mãe e vai visitá-lo e o encontra em meio ao vendaval em que sua vida se transformou, assim como o pai, Markus sofre da exposição pública à agressão física por tentar defendê-lo e preservar sua imagem.
O enredo do filme nos leva a entrar em contato com o que nós temos de pior: o contágio do mal. Somos capazes de nos organizar em grupo de uma maneira extremamente inconsequente e destruir a vida de uma pessoa ou de uma família. Afinal, quantas vidas já destroçamos meramente como expectadores? Quem nunca levou uma pessoa aos tribunais, a julgou e condenou? Todos nós já fizemos isso, numa proporção menor ou maior, mas já fizemos. Às vezes uma coisa dita de uma forma inesperada ou impensada se torna uma verdade absoluta e irremediável. 
Quantas  Suzanes, Nardones, Brunos, mesmo sem nunca ter tido nenhuma prova que de fato pudéssemos ter noção de toda "verdade',   nós condenamos antes mesmo deles serem julgados pela justiça, só pelo o que ouvimos da mídia ou do vizinho, colegas e amigos? Em todos esses casos de comoção nacional, ou até mesmo internacional, eu me questiono, o que seria dessas pessoas se elas fossem inocentes? Até que ponto uma pessoa que comete um crime pode ser execrada socialmente, já que utilizamos do sentido da justiça para puni-la como maneira de reintegrá-la ao meio social depois do cumprimento da pena? Para nós, de uma maneira geral, uma vez cometido devido crime, o delinquente é proibido eternamente de voltar à sociedade, é um caso perdido, ainda que a lei e a justiça tenha como função puni-lo e regenerá-lo.
O filme traz o outro lado da moeda e de certa forma coloca em cheque nossa confiança em quem somos e de nossa capacidade dubitativa de agir com bondade. O nome do filme A caça obedece uma dicotomia de sentidos, ao mesmo tempo em que nos traz como seres humanos capazes de caçar animais irracionais, nos tornamos caça também da nossa racionalidade humana.

domingo, 7 de abril de 2013

Pior do que ser vítima de racismo, é ser uma vítima algoz!

Há mais ou menos dois anos resolvi retornar a Vitória da Conquista para o Festival de Inverno, o qual estava acostumada vivenciar em praticamente três anos em que morei la. Lembro-me de sair de Salvador numa quinta-feira à noite, pois detesto viagens longas e diurnas. Lembro-me também de ter tido um cuidado especial com minha vestimenta, uma vez que la estaria muito frio, eu chegaria à rodoviária cerca de 5:00 horas da manhã. Havia colocado uma calça jeans, uma blusa gola rolê de cor azul royal, sapatos fechados e cabelo preso em um coque moderno. Poderia jurar quando olhei no espelho antes de sair de casa de que estava muito "bem" vestida. Quando cheguei ao meu destino, tantas memórias me vieram a cabeça, o cheiro, o céu nublado, quantas coisas eu havia vivido ali, penso que foi o lugar que me tornou mulher. Peguei um táxi em direção à casa de uma amiga que vive em um bairro especialmente requintado e frequentado pela classe média-alta conquistense, era lá que ficaria até minha outra amiga ir me buscar mais tarde e me levar para sua casa. Chegando à portaria me dirigi ao porteiro e pedi que interfonasse ao apartamento de minha amiga e avisasse que eu havia chegado, no primeiro momento eu achei que ele não tivesse me ouvido, por isso insisti:

-Sr., pode, por favor, interfonar para o apartamento XXX e avisar à XXXXX que Josane já chegou?

Nesse momento eu percebi que ele tinha me ouvido desde a primeira vez, mas havia me ignorado, como ignorou da segunda e eu tive que repetir uma terceira vez: 

-Sr., pode, por favor, interfonar para o apartamento XXX e avisar à XXXXX que Josane já chegou?

Eis que ele finalmente se dirigiu a mim:

-Você é a nova empregada deles?

Ao que contestei com simplicidade e um sorriso no rosto:

-Não senhor, apenas amiga!

Pelo vidro fumê da guarita não sei se ele ficou sem graça ou se aquilo era algo normal de ser dito. Para quem estiver se questionando ou me questionando o porque de eu achar estranho dele me confundir com uma empregada doméstica, eu digo: problema algum. Não vejo problema em ser empregada doméstica, desde que eu possa escolher sê-la, desde que essa profissão não seja a única que eu possa exercer. 
Mas nesse momento eu questiono quem me lê: será que se eu fosse branca, alta, olhos claros, cabelo liso eu seria confundida com uma empregada doméstica? Algo me diz que não, mas é só algo...
Contei essa história oralmente em vários momentos da minha vida, e me recordo de vários amigos, inclusive de infância, me acusar de ver racismo onde não existe, que a forma como aquele senhor se dirigiu a mim era natural. Pior do que ser vítima de racismo, é ser uma vítima algoz!

As Sessões que todos nós precisamos...

'As Sessões' é um filme honesto e emocionante que merecia mais indicações ao Oscar  fox/divulgação

Baseado em uma história real, o filme As Sessões conta a trajetória da vida nada comum de Mark O´Brien (John Hawkes), que ainda criança contraiu poliomielite e como consequência da doença ficou com o corpo todo paralisado, conservando os movimentos apenas da cabeça. Mark, preso quase todo o tempo em um "pulmão de aço", tem muita dificuldade em se locomover, no entanto leva a vida repleta de um humor considerado irônico para sua condição e prefere que seus acompanhantes sejam detentores dessa mesma qualidade. Nas quase quatro horas que pode passar distante do aparelho ele gosta de ir à igreja e se  confessar com o padre Brendan (William H. Macy) , o qual considera seu amigo. Em uma dessas ocasiões  Brendan o aconselha a procurar uma terapeuta, até que ele opta por uma terapeuta sexual, e essa lhe indica uma especialista em exercícios de consciência corporal, interpretada por Helen Hunt. Trocando em miúdos, uma especialista em exercícios sexuais. Helen Hunt faz uma atuação digna de louvor, ela consegue transmitir para os espectadores uma leveza grandiosa, especialmente nas cenas de sexo, e ao mesmo tempo consegue ser densa quando lida com as adversidades que sua profissão lhe pode proporcionar.
O principal dilema da vida de Mark,  aos 38 anos de idade, é o contato sexual nunca experimentado. Dentro de todo esse dilema, o que mais me chamou atenção foi como o diretor Ben Lewin conseguiu conduzir o enredo fílmico. Por se tratar de um tema extremamente delicado e repleto de tabus - o sexo, e devemos ir além - o sexo praticado por pessoas com o corpo paralisado, ele tratou com uma leveza quase que insustentável para os dias atuais. No início do filme fui fortemente acometida pelos sentimentos de aflição, ânsia, medo e agonia. Todavia ao decorrer do tempo esses  sentimentos foram substituídos por um conforto, o qual não consigo descrever. Além de inspirador, o filme nos traz uma análise perspicaz da vida e das diretrizes que a rege. 
O filme As Sessões nos leva ao divã de nosso âmago mais contestador, ele nos leva a acreditar que diante da vida toda essa contestação pode ser repleta de poesia. Ao contemplá-lo pude expulsar pelos olhos, em forma de lágrimas, todo sentimento contido e foi estranhamente reconfortante as expressões nos rostos das pessoas que me encaravam na saída do cinema, de alguma maneira eu estava despida diante delas, se não era de corpo, pelo menos de espírito!

Trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=6N7TNfgRRX4

domingo, 31 de março de 2013

Meu determinismo pseudo intelectual

O mais interessante é que o Estado cria marginais para depois puni-los e tem um monte de pseudo intelectual que compartilha essa superficialidade e nem percebe. Por isso que eu não julgo algumas pessoas que se comportam de determinadas formas, que se vestem com determinadas roupas, fazem determinadas dancinhas ditas "baixo-astral", mas não é porque sou melhor que ninguém não, é porque eu transfiro esse meu poder tão crítico de Cezar para os pseudos intelectuais que podem ditar as regras da sociedade, dizer o que alguns Miseráveis podem falar, escrever, ler ou como se comportarem. Acredito que seja muito fácil sentar confortavelmente em sua poltrona  enquanto o mundo gira e ficar lá apontando o dedo para as pessoas que não tiveram a mesma oportunidade de vida que você (se é que elas querem ter, né?!). Ah, mas não tiveram porque não lutaram para ter. É mesmo?! Logo destoo o meu julgamento maldoso tanto quanto o seu: você que pensa assim é um fascistinha de araque, viu?! Ou pior (para você) é um ignorante que não consegue perceber as nuances da qual nossa sociedade vem sendo formada. 
OK OK! Eu também não gosto das letras de pagode e nem de funk, apesar de considerar que a batida desses ritmos é ótima. Mas eu não julgo as pessoas que assim o fazem, eu não pego uma imagem de pessoas com baixo ou quase nenhum poder aquisitivo, normalmente negras e compartilho com o mundo como se aquela "verdade" impregnada de símbolos preconceituosos fosse a única. Ao fim e ao cabo, você pseudo intelectual que costuma ler Tolstói numa tarde de domingo, não é melhor que a funkeira que dança seu som preferido como se não houvesse amanhã, a diferença é que ela vive e nem sabe que  você existe, enquanto que você já tem uma tese mental quase pronta sobre ela.....

domingo, 24 de março de 2013

Os males que nos ganham....



Com lágrimas nos olhos, eu quero revelar uma coisa boa que Marco Feliciano trouxe para mim. Ele me trouxe um sentimento bom, o sentimento de perceber que nós brasileiros ainda lutamos, ainda acreditamos e ainda exercitamos o respeito acima de qualquer dogma. Ao ver todas as manifestações em prol de um ministro que de fato nos represente, me represente enquanto negra, represente meus amigos gays, minha família de origem humilde, faz com que eu esqueça a inveja eu eu senti quando cheguei a Buenos Aires e via manifestação noite e dia contra as opressões que os governantes exerciam sobre aquele povo. Lembro-me bem de sentar na Plaza de Mayo vendo estudantes secundaristas lutando pelos seus direitos, enquanto que aqui no Brasil, na Bahia postergava por três meses uma greve de professores do estado, naquele momento eu senti vergonha de ser brasileira e baiana, porque ao contrário de lá, a greve daqui era considerada uma banalidade desnecessária. Desde esse dia eu comecei a ter uma vontade imensurável de conhecer Brasília, a capital do meu país, onde os nossos representantes estão abusando do seus estatos para nos oprimir e se enriquecerem. É isso, pra frente Brasil!

Elza você me representa:

http://www.youtube.com/watch?v=Sh_SpKDoOH0

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

...O carnaval não tem fim!



Enquanto estava na avenida eu prometi a mim mesma que iria escrever sobre as sensações que tive ao observar por alguns momentos a figuração momesca. As situações mais absurdas vão desde ver crianças, a maioria negra, trabalhando horrendamente, a mulheres sendo agredidas nas formas mais diversas. Em uma dessas situações onde eu vi uma criança negra trabalhando de catador de latas, eu comentei como aquilo era absurdo, e a dona da lanchonete onde eu estava no final do percurso disse que quando uma criança trabalha de atriz na televisão é considerado normal, mas aquelas crianças não podem catar latinha. Como se tivesse comparação, não é minha gente? Eu fico com o direito da criança brincar, ter acesso à educação, saúde e a uma família que a ame, cuide e respeite.  Isso no Brasil está complicado, no nosso estado mais ainda.
Em um dos dias que estava observando a passagem do bloco que tocava a banda Asa de Água, eu fiquei em choque quando reparei que todas os cordeiros que pude contar, exatamente todos, eram negros, que pela conversa, forma de tratamento, existiam famílias trabalhando ali, de adolescentes de 16 anos a senhoras de mais de 50 anos. Foi estarrecedor. Quando procurei pessoas negras pulando dentro do bloco, eu não vi nenhuma, nesse momento, nesse bloco, eu não vi. A cena se repetiu praticamente com todos os 5 blocos que vieram depois e eu fugi da avenida, entre lágrimas, eu fugi. Aquilo era a materialização da minha neurose tão julgada tantas vezes por meus amigos: “racismo? Para com isso amiga, isso é loucura, não existe mais, vivemos num país democrático, longe da escravidão”.
Não, ele existe sim. Ele me beliscou e me torturou enquanto eu estava no bloco Afropop,  chegamos ao final do percurso e a Band fez uma homenagem pelos 25 anos de carreira de Margareth Menezes, responsável por levar o bloco. A dançarina da Band que ficava em um lugar de destaque no camarote, reservado exclusivamente para ela, era loira, extremamente magra, não tinha a ginga do nosso samba, não tinha nossa carga cultural. Eu olhei para o lado e tinha um homem igualmente branco e perguntei:
-Ela é bonita?
-Quem?
-A moça, aquela lá em cima. Ela é bonita?
Ele olhou, olhou e olhou e disse-me:
-Não, ela é muito produzida. Por quê?
-Porque ela não me representa. Ela não representa 80% da população baiana, mas é ela quem está lá.
Ele olhou para ela, me olhou novamente, olhou meus cabelos cacheados, meu rosto e meu jeito e disse:
-Tá vendo Mariene de Castro ali? Ela sim te representa.
Fiquei feliz com aquilo e segui o percurso do bloco. Ao final olhei para Margareth um tempão até ela me olhar de volta lá de cima do trio e gritei:
-Você me representa.
Ela abriu um sorrisão e deu joinha!